Ação performática coletiva gerada por Santiago Cao, Flor Firvida, Andrea Vegazzi e Nicolas Casalnuovo.
Durante a Semana Experimental Urbana (SEU) de Porto Alegre. 19 a 24 junho de 2010. Porto Alegre, Brasil.
Registros fotográficos por Juliana Lima, Sol Casal, Rodrigo Uriartt e Adauany Zimovski.
Texto traduzido para o Português por Bruna P. Jung
Agradecemos a Boris Orlando Mondaca por ajudar-nos a fazer a crinolina.
Registro Narrativo: Comum-união trata, metaforicamente, do distinto unido num mesmo espaço pelo uso da força, como ocorreu durante os processos colonizadores do continente americano nos séculos XV e XVI, quando, sob uma mesma bandeira, uniu-se a raça branca dominante, proveniente da Europa, a raça negra escravizada, proveniente da África e as culturas originárias que aqui se encontravam. Processo este que se repetiu durante o final do século XIX e todo século XX, com novas imigrações européias e, em menor proporção, asiáticas. O distinto unido, simbolicamente representado nesta ação pelo uso de quatro elementos - fogo, água, terra e farinha - por quatro pessoas que, partindo simultaneamente de quatro direções opostas (quatro pontos cardeais) confluem em um mesmo ponto de encontro onde foi construído coletivamente um forno de barro. Assim, a farinha, associada ao ar pela sua leveza, se mistura pela força de amassar com a água e com o milho, simbolizando a terra. Esses três elementos distintos se unem em uma mesma massa que, graças ao fogo, resulta num elemento comum: o pão. O pão, metáfora do distinto-unido, que sem a contribuição de todos não seria possível de se fazer, é re-distribuído entre os presentes, novamente repartido, e, paradoxalmente, pela mesma ação, novamente unido, não mais pelo distinto-unido, mas pelo comum-unido. A comum-união. Esta ação envolveu quatro pessoas que se esqueceram do valor do diverso e, sendo diferentes uma das outras, se encontraram sem saber como construir coletivamente. Impondo ou delegando, gritando ou em silêncio, muitas vezes não sabiam como seguir caminhando juntas. Comum-união trata de quatro pessoas que a força de amassar as idéias, de reconhecer a arrogância e os erros, passaram por uma experiência que, para além do fator estético, as enriqueceu marcando um caminho por onde começar a construir de maneiras solidarias e cooperativas, tentando deixar de lado o individual para que o comum se una. Comum-união tratou das nossas diferenças e do modo como fomos aprendendo a resolvê-las no caminhar. |