Vídeo performance.
18 de novembro de 2006. Buenos Aires, Argentina.
Câmera: Mercedes Abú Arab
Edição do vídeo: Santiago Cao
Duração: 8:19 minutos
No vídeo, o insuportável de ver é metáfora do que a sociedade não quer ver. Distanciamo-nos do objeto para não nos identificar com ele, e é nessa distância que o consumimos, coberto por um véu que não deixa nada do insuportável aparecer. Mas não é o objeto o consumido e sim o conhecimento que de ele temos e que fomos ensinos a Ver nele. Tudo o que nós consumimos está mediatizado. Dou inicio ao vídeo expondo e consumindo uma morcela sem provocar no espectador maior interesse do que a culinária. O que esta ali presente é o saber que se tem sobre ela. Mas com o decorrer do vídeo vai ficando exposto o processo de fabricação (extração do meu sangue com seringas, enchimento de intestino e cocção) e compreendemos que o que temos diante de nossos olhos não é apenas o que fomos ensinados a ver. Agora, sob a imagem de morcela, o que é apresentado é a sinédoque de um corpo humano, e sua ingestão nesse sentido refere ao canibalismo e as chamadas culturas “primitivas”. Agora, o seu interesse não é a culinária, mas sim cultural. A morcela como um conceito limite entre o objeto e o saber sobre ele. Já não sabemos o que comemos. Já não sabemos o que compramos. Já não sabemos o que consumimos. Soul Field é a metáfora feita carne.
Ou melhor dizendo... feita sangue. |